Sentei ao pé da cama, acendi um cigarro e fiquei admirando a minha obra. Deus! Juro que por um breve momento eu tive uma ponta de arrependimento. Que bom que passou logo.Quanto tempo demoraria para me encontrarem ali ao lado dele? Me embrulhou o estômago imaginar que poderia passar mais de um dia e logo aquele cheiro iria piorar. Pensei em ligar logo para a polícia. Mas exitei, quis fugir. Não, seria bem pior quando fosse pega. Diriam que mantive o sangue frio. Meu sangue estava quente, minha cabeça.Não deitei ao seu lado só porque não queria me sujar. Ajoelhei encostado, abracei, beijei, pedi perdão, queria que ele acordasse. Não! Aquela hora maldita estava chegando. A hora em que eu começo a repensar as coisas e tentar descobrir os motivos das minhas atitudes. Nunca havia motivos e eu me sentia um lixo por ter agido sem pensar.A pessoa que eu mais queria ao meu lado estava realmente ali, mas já não me serviria a nada. Pelo contrário, seu rosto inerte me fazia muito mal.Droga! Qual é mesmo o número? Ah! 190.
"Alô, liguei para avisar que acabei de matar meu amor" Comecei a chorar."O corpo está aqui, estamos no hotel Casablanca em São Paulo, quarto 202"..."Madalena Queirós RG 36 666-1, vou ficar esperando, estou arrependida" Menti. "Sim, foi em legítima defesa". "Não vou fugir"..."Não, não estou mentindo". "Ficarei aqui".
Quando chegaram no quarto, eu estava com um copo na mão bebendo água, precisava ser forte para engolir.Encontraram-no na cama, sem vida, coberto de sangue, o canivete estava cravado ainda no peito. Me olharam com nojo, me esbofetaram a cara e me algemaram. No caminho até a viatura, as pessoas no hotel me olhavam espantadas, ouvi um policial dizer que não conseguiria acreditar que havia sido eu quem tinha feito aquilo e que talvez nem teria sido mesmo, sabiasse lá, iriam descobrir, mas era difícil acreditar.Lá de dentro eu observava quieta o que se passava lá fora. As coisas íam embora, as pessoas começavam a sumir numa imensa mancha branca. Não sentia dor, não sentia nada. Até que já não havia mais o que explicar. O que foi feito, o foi. O tempo parou para sempre.Obrigada meu Deus por me tirar daquele inferno.
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ResponderExcluirSó toma cuidado com a lei anti-fumo. Em quartos de hotéis pode?